15o. ENCONTRO ANUAL GCF TASK FORCE, ACRE

Força-Tarefa GCF se reúne para construir uma nova economia florestal para proteger florestas nativas e comunidades e impulsionar o preparo para a COP30
Coalizão subnacional de estados e províncias se reúne para cocriar mecanismos de apoio a uma bioeconomia próspera, proteger a infraestrutura natural em escala jurisdicional, desenvolver cadeias de suprimentos sustentáveis e promover a restauração em larga escala
Rio Branco, 23 de maio de 2025 – A 15ª reunião anual da Força-Tarefa de Governadores pelo Clima e Florestas (GCF Task Force), a maior rede governamental subnacional do mundo focada em florestas e clima, aconteceu em Rio Branco, Acre, Brasil, de 19 a 23 de maio de 2025. Durante o encontro, a Força-Tarefa GCF se envolveu em robustas trocas técnicas e apresentou uma visão comum de apoio e engajamento à Ministra Marina Silva para aumentar a participação e implementação subnacional, visando à COP30 em Belém, Pará, Brasil, em novembro de 2025.
A Força-Tarefa GCF também anunciou a adição de dois novos membros plenos e sete novos observadores, além de uma série de medidas para continuar a implementação da Nova Economia Florestal. Com representantes de 11 países diferentes presentes, a Força-Tarefa GCF agora conta com 45 governos subnacionais, abrangendo a Amazônia brasileira e peruana, bem como 60% das florestas do México e da Indonésia e 75% da Amazônia boliviana.
O evento contou com a presença de quase 20 governadores e vice-governadores, além da Ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva, bem como a Diretora Socioambiental do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Tereza Campello, e autoridades de secretarias estaduais de meio ambiente, líderes indígenas e comunitários locais, e parceiros de cooperação internacional.
“Nós já vivemos os efeitos das mudanças climáticas. Precisamos liderar pelo exemplo, porque o Brasil vai sediar a COP30 e os signatários também. Agora, é o momento para implementar as medidas, que demandam investimentos de US$ 1,3 trilhão. Precisamos dobrar as fontes de energia renovável, descarbonização, entre outros. Precisamos reduzir a emissão de carbono. Portanto, estar hoje no Acre, na Universidade Federal do Acre, me traz muitas lembranças, porque eu me graduei aqui. E essas lembranças me levam a alguns pontos, como os necessários cuidados que precisamos ter em direção às florestas. A bioeconomia é um fato e a colocamos em prática. Guiada pelo Fundo da Amazônia e Fundo Clima, estabelecemos diálogo genuíno, que vão desde manejo e outras iniciativas. E esses investimentos anunciados hoje, em parceria com o BNDES, por meio do Fundo Amazônia e Fundo Clima, continuarão nos ajudando a reduzir em 43%, por exemplo, o desmatamento na floresta amazônica como ocorreu em 2024. E todos esses mecanismos, somados ao REDD+ e ao TFFF, quando bem utilizados, contribuem para a redução do desmatamento e também fomentam a economia local e regional”, afirma Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente do e Mudança do Clima do Brasil.
“Se a Nova Economia Florestal vem da terra e de seus elementos, é necessário que cada um de nós assuma seu papel de liderança e, assim, promova os pilares da bioeconomia, restauração de áreas degradadas, infraestrutura nacional e intensificação produtiva, posicionando-nos na vanguarda de um modelo inovador, próspero e permanente”, afirmou Gladson Cameli, Governador do Acre e anfitrião da reunião. O Acre é um estado florestal chave localizado no sudoeste da Amazônia, com 85% de sua floresta preservada.
“O Acre é um dos estados que mais visitei ultimamente. A agenda ambiental tem se tornado parte cada vez mais central nas operações diárias da instituição. A Nova Economia Florestal já está em pleno funcionamento no banco. Não é uma promessa, não é o futuro — está acontecendo hoje -, especialmente quando olhamos para esses dois anúncios que temos em mãos”, disse Campello, que anunciou R$ 67 milhões para a Amazônia, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, canalizados por meio do Fundo Amazônia e do Fundo Clima.
O projeto da Madeflona fortalece a preservação de 141 mil hectares de floresta amazônica. Com essa nova tecnologia, há redução de custos, agregando valor e proporcionando ganhos de qualidade e durabilidade, tudo de forma sustentável. Esse projeto se insere na agenda estratégica de restauração e conservação florestal do Banco, que já acumula R$ 1,16 bilhão em apoio financeiro desde 2023.
Enquanto isso, o projeto de Agricultura Familiar é uma iniciativa recentemente aprovada que beneficia populações indígenas, famílias rurais, comunidades assentadas, extrativistas, ribeirinhos, estudantes e a comunidade escolar. Desde 2010, o Fundo Amazônia já destinou R$ 236 milhões ao Acre. E as operações contratadas a partir de 2023 somam R$ 131 milhões.
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“O mundo continua a enfrentar uma emergência climática, com os recentes números de desmatamento mostrando um cenário muito sombrio. Esta reunião da Força-Tarefa GCF tem sido extremamente importante porque ajuda a construir a visão e a implementação de abordagens subnacionais para enfrentar essa emergência com base em expertise e soluções reais no terreno. O que isso significa é que a comunidade internacional, governos nacionais e parceiros devem se unir aos nossos Governadores e suas equipes para construir a Nova Economia Florestal. Estamos especialmente entusiasmados em dar as boas-vindas a dois novos estados membros efetivos, a província equatoriana de Orellana e Beni, do Departamento da Bolívia”, disse William Boyd, Líder de Projeto da Força-Tarefa GCF. Os governos subnacionais de Amazonas, Guainia, Guaviare, Putumayo e Vaupés na Colômbia, bem como Michoacán, México, e Tumbes, Peru, são os novos membros observadores da Força-Tarefa GCF, aprovados por votação realizada na reunião do Acre.
“Os governos subnacionais precisam se sentir apoiados em suas ações. E, nesse sentido, temos procurado apoiá-los de todas as formas possíveis, especialmente no desenvolvimento de ações que resultem em medidas eficazes para combater os impulsionadores do desmatamento e do aquecimento global”, afirmou Colleen Lyons, Diretora de Projeto da Força-Tarefa GCF.
Um elemento chave da reunião foi a parceria estreita com os Povos Indígenas e líderes comunitários locais. Francisca Arara, Secretária de Estado dos Povos Indígenas do Acre, observou que “garantir parcerias colaborativas com os povos indígenas é essencial para fortalecer a economia baseada na floresta, a gestão ambiental e as medidas para cumprir os compromissos climáticos e florestais subnacionais”.
Ao longo desses cinco dias da reunião anual, a maior rede governamental subnacional do mundo definiu os temas prioritários que devem ser abordados pelos estados membros antes da COP30. A estruturação contínua da Nova Economia Florestal esteve no centro das discussões.
Medidas como o combate aos danos crescentes de incêndios florestais, parcerias com povos indígenas, redução da pobreza, preocupações com a disseminação do crime organizado em áreas florestais e a necessária manutenção das florestas em pé estiveram presentes tanto em reuniões fechadas quanto em sessões de trabalho públicas.
Entre as iniciativas avançadas durante a reunião estão uma Carta do Acre, que defende a integração de programas subnacionais jurisdicionais com estratégias nacionais; a implementação da Rede Global de Parceria para a Bioeconomia, que deverá apresentar parcerias público-privadas pioneiras em toda a Amazônia e estabelecer apoio durante a COP30; e uma parceria entre a Força-Tarefa GCF e a Amazonia+, com financiamento da União Europeia para fomentar o intercâmbio transnacional de experiências locais inovadoras no combate ao desmatamento.
Carta do Acre
Dentro de uma agenda global para a proteção da Amazônia, o Governador do Acre, Gladson Cameli, leu a Carta do Acre. O texto defende que o sucesso do fundo Tropical Forest Forever Facility (TFFF) depende de ações subnacionais e do reconhecimento dos Povos Indígenas e Comunidades Locais (PICLs) como guardiões da floresta. O fundo será lançado na COP30 em Belém para estabelecer financiamento de longo prazo baseado em desempenho para a proteção de florestas tropicais intactas, acelerar a restauração de terras degradadas e construir novas economias florestais duradouras.
O documento também defende a integração de mecanismos como os programas REDD+ Subnacionais Jurisdicionais nas estratégias nacionais de REDD+ como um tema prioritário para a COP30. Isso inclui debates aprofundados sobre regulamentação, aumento de recursos financeiros e compreensão do papel dos órgãos de fiscalização e do poder judiciário para promover uma mudança nos métodos de uso da terra e, consequentemente, reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Força-Tarefa GCF e Bioeconomia
Em outra iniciativa global, a Força-Tarefa GCF defendeu a criação de uma rede de centros de ciência, tecnologia e inovação para a Amazônia por meio de parcerias entre governos subnacionais e setores privados, governos nacionais, sociedade civil e atores técnicos e financeiros.
Em relação às parcerias, cada setor assume um papel dentro de suas competências. Assim, os governos nacionais estabeleceriam políticas públicas e estruturas duradouras para reduzir o risco de investimento na bioeconomia; o setor privado forneceria os investimentos e a expertise técnica necessários para escalar a nova economia florestal; bancos, instituições multilaterais e fundações ofereceriam apoio por meio de programas e iniciativas para integrar as regiões; e a sociedade civil e as instituições de pesquisa e ensino se concentrariam na inclusão e engajamento dos Povos Indígenas e Comunidades Locais.
Nos próximos meses, a força-tarefa identificará projetos-piloto de prova de conceito e centros pioneiros de bioeconomia na Amazônia, com o objetivo de anunciar apoio a esses centros na COP30.
Mecanismo de Intercâmbio Técnico Amazonia+ & Força-Tarefa GCF
Durante a reunião anual, a Força-Tarefa GCF anunciou uma iniciativa de parceria com o Programa Amazonia+, financiado pela União Europeia e implementado pela AICS, FIAP e Expertise France. Este programa Amazonia+ visa fortalecer as ações de mitigação de emissões de CO2 nos oito países da bacia amazônica: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.
O mecanismo de intercâmbio técnico envolve a troca de experiências, conhecimentos e práticas inovadoras entre estados, departamentos e províncias amazônicas por meio da plataforma da Força-Tarefa GCF. Atenção especial será dada à capacitação local, governança participativa e soluções baseadas na natureza.
A parceria também se concentra no combate ao desmatamento, particularmente na prevenção, monitoramento, controle e combate a incêndios florestais. Para isso, trabalha para desenvolver e implementar políticas e mecanismos de governança ambiental e florestal, com a participação ativa das comunidades locais e povos indígenas da bacia amazônica.
Sobre a Força-Tarefa GCF
A Força-Tarefa GCF reúne 45 estados e províncias membros e visa promover parcerias público-privadas e investimentos sustentáveis na bioeconomia. A rede foi criada em 2008 pelo então Governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, para enfrentar as mudanças climáticas globais e, desde então, tem recebido apoio da USAID, da Climate and Land Use Alliance, do governo norueguês (NICFI e Norad), e outros parceiros.