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Brasil reforça liderança global na prevenção de doenças agropecuárias críticas

Especialistas debateram estratégias para combater a influenza aviária e a peste suína africana durante o segundo dia do Sedagro 2024, destacando as ações de defesa sanitária que colocam o Brasil na vanguarda mundial

O segundo dia do Seminário de Especialistas em Defesa Agropecuária (Sedagro 2024), realizado nesta quarta-feira (25) em São Paulo, trouxe discussões estratégicas focadas na prevenção de doenças agropecuárias críticas. Organizado pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical), o evento reforçou a posição do Brasil como referência global em sanidade agropecuária, graças à sua eficácia no combate à influenza aviária de alta patogenicidade e à peste suína africana, mesmo diante de desafios crescentes.

Prevenção e controle da influenza aviária: vigilância e biossegurança

O primeiro painel abordou as soluções e os desafios para o controle da influenza aviária de alta patogenicidade. Moderado por Juliana Otaka, auditora fiscal federal agropecuária, o debate contou com a participação de Sulivan Alves (ABPA), Roberto Blandino (CDA/SAA-SP) e Marcelo Mota (DSA/MAPA).

Juliana Otaka relembrou o primeiro caso de influenza aviária no Brasil, registrado em 2023 no Espírito Santo, e o aumento de casos em aves silvestres. Graças às medidas preventivas adotadas, não há registros no plantel comercial do país. Ela destacou a importância da “transparência na comunicação para estabelecer confiabilidade no setor”.

Roberto Blandino, diretor Técnico da Coordenadoria de Defesa Agropecuária da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, por sua vez, ressaltou a necessidade de manter a vigilância ativa e passiva, além de treinar e capacitar as equipes envolvidas. “Em 2024, São Paulo atendeu quase 100 notificações de influenza aviária em animais silvestres até setembro, mostrando o engajamento das equipes e o não afrouxamento das medidas de controle”, enfatizou. Ele também apontou a relevância da biosseguridade para preservar o status do Brasil como líder global na exportação de frango, setor que responde por 36,9% do mercado mundial, gerando mais de 4 milhões de empregos.

Sulivan Alves, diretora Técnica da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), também participou do painel e abordou os desafios de proteger o território brasileiro, o quinto maior do mundo, por meio da regionalização, zonificação e compartimentação das áreas. “A sanidade faz parte fundamental do negócio, e a colaboração público-privada é essencial”, destacou. Ela ainda mencionou as ações de biossegurança realizadas desde 2022 com a participação da ABPA.

Marcelo Mota, diretor do Departamento de Saúde Animal da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária, reforçou o sucesso das medidas adotadas e destacou a importância da colaboração com órgãos governamentais, ambientais e universidades. “A atualização constante dos planos de contingência e a realização de simulados de emergência são essenciais para estarmos preparados, especialmente diante das mudanças climáticas”, afirmou.

Prevenção e controle da peste suína africana: defesa e vigilância rigorosa

O segundo painel do dia focou nas estratégias para prevenir e controlar a peste suína africana, com moderação de Montemar Onishi (VIGIAGRO/MAPA) e participação de Sulivan Alves (ABPA), Marcelo Mota (DSA/MAPA) e Marlene Bichler (VIGIAGRO).

Montemar Onishi, auditor fiscal federal agropecuário da Vigilância Agropecuária Internacional no Aeroporto de Guarulhos, ressaltou a relação entre a peste suína africana e a segurança dos alimentos mundialmente, destacando a importância da defesa agropecuária para prevenir crises como a de 2018, quando a China sofreu uma grande queda na produção de suínos. “Precisamos revisar constantemente os procedimentos e as regras de entrada de produtos no país com foco na prevenção”, alertou.

Sulivan Alves, que também participou do segundo painel, destacou a relevância econômica da suinocultura no Brasil, o quarto maior produtor de carne suína do mundo, com exportações de 1,1 milhão de toneladas em 2023. Ela também ressaltou a importância da comunicação no combate à doença e nas campanhas de sensibilização promovidas pela ABPA. “A comunicação é fundamental tanto para a adoção de medidas adequadas quanto para a educação preventiva”, observou a diretora Técnica da entidade.

Marlene Bichler, auditora que atua Aeroporto de Guarulhos, detalhou o esforço de fiscalização realizado no local. Em 2023, 1,2 tonelada de produtos de origem suína foi apreendida no aeroporto proveniente de países afetados pela peste. “Guarulhos é o maior hub do continente, e o controle rigoroso é essencial para evitar a entrada de produtos contaminados”, enfatizou a auditora.

Marcelo Mota, por fim, abordou a complexidade do controle da peste suína africana e o plano integrado de vigilância adotado pelo Mapa em 2023, que inclui a capacitação de equipes e simulados de emergência. “A vigilância precoce e as medidas de contenção são cruciais para proteger a suinocultura nacional”, concluiu.

Os painéis ressaltaram o compromisso do Brasil com a sanidade agropecuária e a importância da cooperação entre os setores público e privado, com a educação contínua e inovação tecnológica sendo pilares centrais para enfrentar os desafios sanitários globais.

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