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Ibama autua 23 frigoríficos por compra de gado em áreas desmatadas

Ibama em uma das 69 propriedades rurais que criavam e vendiam gado (Divulgação/Ibama)

Anna Flávia Rochas 

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) autuou 23 frigoríficos, alegando que uma investigação identificou que estes estabelecimentos adquiriram animais criados em áreas embargadas por desmatamento ilegal na Amazônia, segundo nota divulgada pela autarquia na quinta-feira (24).

Dois frigoríficos autuados negaram as acusações na segunda-feira (28), argumentando que não adquiriram gado de áreas embargadas.

As investigações do Ibama, dentro da Operação Carne Fria 2, identificaram 69 propriedades rurais que criavam e comercializavam aproximadamente 18 mil cabeças de gado em 26 mil hectares de áreas embargadas por desmatamento ilegal.

Até a quinta-feira (24), 154 autos de infração tinham sido emitidos pelo Ibama, totalizando R$ 364,5 milhões em multas. Além disso, foram apreendidas 8.854 cabeças de gado produzidas nas áreas embargadas.

Três frigoríficos foram embargados por estarem funcionando sem a licença ambiental ou em desacordo com a licença concedida.

O Ibama conduziu a operação nos municípios de Novo Progresso, Santarém, Altamira, São Félix do Xingu, Igarapé-Açú, Portel, Anapú, Pacajá, Novo Repartimento, Ipixuna, Tomé-Açú e Bom Jesus do Tocantins, no Pará, e nos municípios de Boca do Acre e Lábrea, no Amazonas.

“As irregularidades constatadas serão comunicadas ao Ministério Público Federal para a adoção de medidas cíveis e criminais pertinentes, segundo a autarquia”, disse o Ibama.

JBS e Frigol negam compra ilegal

A JBS disse em nota enviada à CarneTec que nenhuma das compras da JBS indicadas pelo Ibama foi realizada de áreas embargadas.

A empresa disse que enviou resposta ao Ibama na quarta-feira (23), na qual apresentou as Guias de Trânsito Animal (GTA) relativas às aquisições do fornecedor citado, demonstrando que as propriedades estavam em conformidade com a legislação vigente e com a política de compras de matéria-prima da companhia.

“A JBS possui há 15 anos sua Política de Compra Responsável e um sistema de monitoramento geoespacial que garante que a companhia não adquire animais de fazendas envolvidas com desmatamento ilegal, invasão de terras indígenas ou áreas de conservação ambiental, que estejam embargadas pelo Ibama, ou ainda que estejam na Lista Suja do Trabalho Escravo”, disse a empresa.

A Frigol negou que sua unidade autuada, em Água Azul do Norte (PA), tenha realizado compras de gado de duas propriedades que estão em áreas embargadas pelo Ibama.

“Uma das propriedades jamais forneceu gado para a Frigol e outra foi bloqueada em 2018 pelo sistema de monitoramento da empresa, justamente pelo fato de constar na lista de áreas embargadas do Ibama, a qual sempre consultamos previamente à realização de qualquer compra de gado”, disse a empresa em nota enviada à CarneTec.

A Frigol disse que as autuações do Ibama para a empresa foram baseadas somente em GTAs, que são autodeclaratórias, ou seja, emitidas pelos proprietários com dados e informações que eles próprios fornecem, a seu critério.

“A Frigol não adquiriu animais destas áreas. Por isso, afirmamos que se trata de um erro de validação de dados por parte do Ibama e que, oportunamente, no curso do processo administrativo, restará clara a conformidade da Frigol”, disse a empresa.

A Frigol disse que monitora 100% dos fornecedores diretos de gado por meio de sistema de geomonitoramento em todos os biomas onde atua.

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