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Mão de obra qualificada é desafio em Goiás

Wandell Seixas

O meio rural e a construção civil enfrentam desafio sem precedentes: a escassez de mão de obra qualificada. Esse problema impacta diretamente a produtividade e os custos dos projetos, tornando-se uma preocupação crítica para os setores. Essa crescente preocupação na atividade agropecuária motivou nesta quinta-feira um encontro em Goiânia. O Senar – Goiás reuniu mais de cinqüenta grandes produtores do Estado, um dos responsáveis pelo abastecimento de grãos, leite, carne e frutas no País e exportação.

A carência de mão de obra qualificada é constatada em todo o País. Enquanto a produtividade americana é cinco vezes superior à brasileira, isso se deve, em parte, ao uso intensivo de equipamentos e máquinas na construção. No meio rural o problema é sentido não só em Goiás, mas na Bahia, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso. No vale do São Francisco, onde o cultivo da uva prosperou, sente a dificuldade da escassez de gente especializada.

Segundo Dirceu Borges, superintendente do Senar – Goiás, a entidade está em busca de contribuir para solução do crítico quadro, ministrando cursos de gestão, entre outros de aperfeiçoamento tecnológico. As máquinas e implementos agrícolas foram continuamente aperfeiçoados e o tratorista precisa acompanhar esse desempenho. É a sua sobrevivência.

A gestão de pessoas representa outra área da iniciativa que se dedica a administrar o capital humano, ou seja, o desenvolvimento, motivação e retenção dos empregados. A justificativa é que eles estejam alinhados com os objetivos da organização, contribuindo para o seu desempenho e produtividade. Esses cursos do Senar favorecem a análise dos dados para a melhor tomada de decisões e assertivas, conforme observa Borges (foto).

No Estado, o Senar já ministrou mais de nove mil cursos com o comparecimento de mais de 150 mil pessoas treinadas e reduzindo o déficit de mão de obra. O salário hoje de um profissional na fazenda pode ascender a cinco mínimos, ou seja, mais de R$7 mil reais.

Por outro lado, na construção civil nos Estados Unidos, dados do Bureau of Labor Statistics mostram que o setor enfrenta taxa de desemprego relativamente baixa, em torno de 4%, mas apresenta alta demanda por trabalhadores especializados, como carpinteiros, eletricistas e engenheiros civis. Essa demanda eleva os salários, resultando em uma remuneração média de US$ 15 por hora para ajudantes gerais, o que equivale a R$ 14.500 por mês no Brasil.

Em contrapartida, profissional similar brasileiro recebe em torno de R$ 2.200, totalizando R$ 4.500 com encargos para o contratante. O alto custo da mão de obra no exterior faz com que as empresas americanas e alemãs invistam em tecnologia e equipamentos para manter a produtividade em um mercado escasso de trabalhadores.

Na Alemanha, o foco na educação técnica e na formação de aprendizes resultou em uma taxa de desemprego para profissionais da construção civil de apenas 2,8%, segundo o Eurostat. A alta qualificação e especialização dos profissionais alemães fazem com que o país se destaque pela produtividade e eficiência em projetos de construção, algo que o Brasil luta para alcançar.

A falta de mão de obra qualificada no setor de construção no Brasil tem levado a um aumento significativo nos custos dos projetos. Atualmente, apenas 30% dos trabalhadores da construção civil possuem qualificação técnica formal, de acordo com o IBGE.

Além disso, o envelhecimento da força de trabalho e a migração de trabalhadores em busca de melhores oportunidades dificultam ainda mais a reposição de profissionais. Como se vê, nas principais atividades goianas – a rural e da construção civil tanto em Goiânia quanto nas cidades do interior – sofrem com o preparo adequado da mão de obra.

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