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FPA leva produção agropecuária do Brasil para a COP-29


Parlamentares destacam produção sustentável, integração com políticas climáticas e o papel do Brasil como líder agroambiental

Desde o início da semana, os parlamentares da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) participam da comitiva brasileira do agro, organizada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), na COP-29, realizada em Baku, no Azerbaijão.

Durante o evento, que reúne representantes de 200 países e ocorre de 11 a 22 de novembro, os parlamentares da FPA ressaltaram a importância do setor agropecuário e da produção brasileira no combate às mudanças climáticas.

Presente no evento, o presidente da FPA, deputado Pedro Lupion (PP-PR), destacou que o Código Florestal é uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo. “É fundamental explicar que nossa lei é mais rígida do que as de outros continentes.

Na Europa, apenas para pousio, os produtores reservam menos de 5% das terras, e protestaram recentemente quando a União Europeia quis aumentar essa reserva para 7%”, afirmou Lupion.Os parlamentares aproveitaram a oportunidade para reforçar o discurso de que a Conferência promove o desenvolvimento dos países.

“Isso ocorre em vários níveis: econômico, social e ambiental. Discutir o clima faz parte dessas agendas de desenvolvimento. Por isso, é essencial que o setor produtivo como um todo, inclusive o agro, esteja presente para acompanhar as discussões”, destacou o presidente da FPA.

A deputada Marussa Boldrin (MDB-GO) também enfatizou a relevância da presença do setor agropecuário na COP-29. “Nós fomos questionados, inclusive, sobre o motivo dessa participação. Mas, principalmente, não podemos permitir que quem está olhando o lado ambiental dite as regras ou fale sobre a agricultura sem ouvir a nossa versão — a versão do que participamos e fazemos.

Muito foi falado sobre as NDCs e sobre o quanto o Brasil contribui com tudo isso. Mais do que sermos ouvintes, precisamos estar presentes para dar voz a todo esse sistema”, afirmou.Marussa destacou ainda a importância da próxima COP-30, que será realizada em 2025 no Brasil. “Precisamos mostrar a floresta que produz e também toda a agricultura que é feita na região Norte, Nordeste, e em todo o país, que tem credibilidade para estar na mesa de discussões, apresentando ações e nossa visão como sociedade.”

Agro sustentável

O vice-presidente da FPA, deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), ressaltou a importância do agro brasileiro no contexto ambiental e econômico. “Nosso agro é sustentável, e precisamos mostrar isso para o mundo. O agro não só produz alimentos e proteínas, mas também gera energia. Podemos aumentar a produção de alimentos e, ao mesmo tempo, ampliar a produção de energia. O etanol é um exemplo disso. Já produzimos muito, e vamos produzir ainda mais. Não é só com a cana, mas também com o milho e, em breve, até com o trigo do Rio Grande do Sul, com cada vez mais variedades produzindo etanol.”

Jardim destacou ainda o potencial do Brasil em energias alternativas. “O etanol não só vai aumentar a mistura, mas também será base para o combustível marítimo e de aviação. O cenário é promissor. Além disso, temos a captura de carbono e o diesel verde produzido a partir do agro. O Brasil não é o vilão do meio ambiente, mas sim a vanguarda da nova economia de baixo carbono”, afirmou o parlamentar.

COP-30

No mesmo sentido, o deputado Zé Vitor (PL-MG) destacou o papel do Brasil no cenário global. “Temos desafios globais, e é claro que, pensando especialmente no agro — até porque hoje tratamos de sistemas alimentares —, o caminho para que diversos produtores e empreendedores mundo afora possam adotar medidas práticas passa pelo acesso à transferência de tecnologia, à assessoria técnica e, em alguns casos, a mais recursos para financiamento”, pontuou. Sobre a COP-30, o deputado mineiro reforçou a importância do Brasil como líder agroambiental.

“A COP-30 será uma vitrine, e é importante que saibamos dosar e apresentar o Brasil como de fato é: uma potência agroambiental. Nós jamais nos sentaremos no banco dos réus, porque temos capacidade de contribuir com a mitigação, a adaptação e a segurança alimentar, que caminham juntas. São temas nos quais o Brasil já é líder.”

O deputado Alceu Moreira (MDB-RS) chamou a atenção para os avanços do agro em pesquisa, inovação e responsabilidade ambiental. “Nesta COP participamos de um painel sobre sustentabilidade, tecnologia e inovação, e a responsabilidade do agro no sequestro de carbono. Discutimos como construir uma produção maior, mais qualificada e mais responsável a cada dia”, disse.

“Na COP-29 estamos nos preparando para receber a COP-30 e, principalmente, para mostrar ao mundo o que a Amazônia quer dele, e não o que o mundo quer da Amazônia. Não é possível que quem não cumpre nenhum dos compromissos globais cobre do Brasil, que já cumpre os seus. Não seremos reativos nem voluntaristas, mas estaremos prontos para recebê-los de braços abertos, com dados e fatos capazes de comprovar a responsabilidade ambiental do Brasil”, completou.

O deputado Zé Silva (Solidariedade-MG) destacou a importância da integração de políticas para a agricultura familiar na agenda climática. “Participei de diversos painéis e debates, ouvindo outros países e compartilhando ideias, além de debater sobre assistência técnica e extensão rural. Tivemos, no espaço do Brasil, um debate sobre agricultura familiar, que precisa ser contemplada no financiamento das mudanças climáticas. Precisamos saber, daqui a 5 ou 10 anos, quais tecnologias estarão disponíveis e quais inovações podem beneficiar a agricultura familiar, permitindo que ela produza alimentos e, ao mesmo tempo, preserve as tradições passadas de geração para geração”, finalizou Zé Silva.
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