Café dobra de preços, mas o consumo é mantido

Wandell Seixas
O Brasil deverá produzir 51,8 milhões de sacas de café beneficiado em 2025, de acordo com levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento, recém divulgado. O volume representa uma queda de 4,4% em relação à safra anterior. Com isso, no mercado varejista o consumidor sente maior peso no bolso. Mas, o consumo continua, embora deixando outros produtos de interesse na prateleira dos supermercados e panificadoras. O brasileiro consome, em média, 1.430 xícaras de café por ano. É comum nos lares brasileiros adicioná-lo ao leite.
Em Goiás, os preços do café industrializado, dobraram de cerca de R$15,00 para R$35,00 o quilo. Há panificadoras ou similares cobrando muito mais. Parece que muitos perderam o juízo. Nas cafeterias, o cafezinho, bem ao gosto do brasileiro, sofreu alta também. A degustação do expresso está além de R$7,00. No aeroporto, por exemplo, ascende a R$12,00. O cafezinho coado é consumido a R$2,00, conforme o local. Apesar de reduzir o consumo, a procura nas prateleiras continua.
Em Goiânia, a Associação Goiana de Supermercados (AGOS) acompanha a elevação não apenas do café industrializado, mas dos alimentos em geral. E lembra que a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) reuniu-se com o governo para propor medidas de diminuição de preços dos alimentos em novembro.
Cenários de contraste
Segundo a Conab, os estados produtores de café enfrentam cenários contrastantes na safra atual. Minas Gerais, maior produtor nacional, deve colher 24,8 milhões de sacas, uma queda de 11,6% em relação ao ano anterior, resultado do ciclo de baixa bienalidade e da seca prolongada que antecedeu a floração.
No Espírito Santo, segundo maior produtor do país, a expectativa é de alta de 9%, com produção estimada em 15,1 milhões de sacas. A produção de café conilon no estado deve crescer 20,1%, totalizando 11,8 milhões de sacas, favorecida pelas chuvas entre julho e agosto, que estimularam a florada e garantiram um bom potencial produtivo — por outro lado, o arábica no Estado deve recuar 18,1%.
São Paulo, exclusivamente produtor de arábica, projeta uma colheita de 4,6 milhões de sacas, uma redução de 15,3%, atribuída à baixa bienalidade e às condições climáticas adversas.
Na Bahia, a produção total deverá crescer 11,3%, alcançando 3,4 milhões de sacas, divididas entre 2,2 milhões de conilon e 1,2 milhão de arábica, enquanto em Rondônia, estado exclusivamente produtor de conilon, a estimativa é de 2,2 milhões de sacas, representando um aumento de 6,5%.
Paraná e Rio de Janeiro, focados na produção de arábica, devem colher 675,3 mil e 373,7 mil sacas, respectivamente. Em Goiás e Mato Grosso, os efeitos da bienalidade negativa e das condições climáticas desfavoráveis devem reduzir a produção, estimada em 195,5 mil e 267,6 mil sacas, respectivamente.
ABRAS vê alta geral
A Associação Brasileira de Supermercados reuniu-se com o governo para propor medidas de diminuição de preços dos alimentos. A Abras, que reafirmou sua “disposição em colaborar com o Governo Federal para enfrentar os desafios econômicos do Brasil”, chegou a apresentar propostas que não são bem aceitas pelo governo federal — caso do Best Before, uma “modernização” do sistema de prazo de validade dos alimentos que foi negada pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira.
Em nota, a Abras diz que “as medidas sugeridas têm como objetivo central a redução dos custos de vida das famílias brasileiras, a promoção de emprego, a segurança alimentar, a recuperação econômica e o fortalecimento do varejo alimentar”.
As medidas apresentadas: Reestruturação do Programa de Alimentação do Trabalhador. Venda de remédios sem receita nos supermercados. Modernização do sistema de prazos de validade, o chamado Best Before. Redução do prazo de reembolso dos cartões de crédito. Flexibilização dos contratos de trabalho. Desoneração da folha de pagamento, especialmente para o 1º emprego e para pessoas com 60 anos ou mais. Continuidade do Benefício de Prestação Continuada para pessoas com deficiência. Dosimetria das multas e das penas. Isenção de impostos sobre doações de alimento. Regulamentação dos jogos de apostas eletrônicos, como medida para proteger as famílias brasileiras.