Dia Mundial da Água: É visível o desperdício nos meios urbano e rural

Wandell Seixas
Hoje, 22, é comemorado o Dia Mundial da Água, um bem da natureza essencial à vida. Mas, motivo de desperdício incontável. Não precisa ir longe. Em Goiânia nem precisa sair de casa. São pessoas lavando calçadas e carros com o uso indiscriminado das mangueiras. A Saneago confessa que há redes no subsolo despejando água potável. Na atividade agrícola, rios são desviados para utilização de água. No mundo do agro, Israel pratica e ensina o sistema de gotejo. Em Goiás, o Senar e a Emater pede aos produtores rurais a preservação das nascentes dos recursos hídricos.
A importância da gestão hídrica eficiente na agricultura se torna ainda mais evidente, a julgar pelos eventos climáticos extremos vivenciados mundo a fora. Com a crescente escassez de água e o aumento dos custos para os agricultores, o manejo correto desse recurso é fundamental tanto para a sustentabilidade ambiental quanto para a rentabilidade no campo.
A irrigação é uma das principais ferramentas para aumentar a produtividade agrícola, permitindo produzir mais alimentos na mesma área e otimizando o uso da água. No entanto, a utilização de água pela agricultura corresponde a um total de 70% das reservas globais, segundo levantamento da Embrapa. No campo, muitos produtores enfrentam desafios relacionados à redução da disponibilidade hídrica. Fatores como o crescimento populacional, a expansão industrial e as mudanças climáticas têm encurtado o período de chuvas e reduzido a vazão dos rios em diversas regiões, tornando a gestão hídrica ainda mais crítica.
No Brasil, a água é um bem público e seu uso é regulado pelo direito de outorga, um instrumento que define quem pode captar e utilizar esse recurso. O aumento da competição pelo uso da água torna essencial que os produtores rurais adotem estratégias inteligentes para garantir sua disponibilidade em longo prazo. A gestão eficiente da água na propriedade rural envolve técnicas que vão desde a conservação do solo até o uso de tecnologia de ponta.
Entre as principais medidas destacadas pela Embrapa estão:
Práticas conservacionistas: O plantio direto, a manutenção da cobertura vegetal e o uso de curvas de nível ajudam a aumentar a infiltração da água no solo e a reduzir a erosão, favorecendo a recarga dos lençóis freáticos.
Irrigação de precisão: Com o uso de sensores, imagens de satélite e drones, é possível monitorar a umidade do solo e aplicar a água apenas onde e quando necessário, reduzindo desperdícios.
Uso de cultivares e insumos biológicos: O desenvolvimento de sementes mais resistentes à seca e o uso de biotecnologia para aumentar a capacidade das raízes de absorver água são soluções que vêm sendo adotadas para mitigar os impactos do déficit hídrico.
Além dos benefícios ambientais, a gestão eficiente da água impacta diretamente na rentabilidade do produtor. Sistemas de irrigação bem calibrados podem reduzir as perdas de água de 25% para apenas 5%, economizando recursos hídricos e reduzindo custos com energia elétrica. Em algumas regiões do Brasil, onde já há cobrança pelo uso da água, minimizar desperdícios também reduz os custos operacionais.
“Proteger a água é essencial à vida, por isso incentivamos a recuperação de nascentes e matas ciliares e promovemos o uso sustentável de recursos naturais por meio da educação de nossos jovens, que visam investir e se desenvolver no campo. Nesse âmbito, para 2025, nosso programa social terá como foco a promoção de práticas agroecológicas, a implementação de soluções inovadoras de saneamento rural e a aplicação de novas tecnologias para o tratamento da água. É ainda esperado o plantio de 200 mil árvores e a distribuição de kits de captação e armazenamento de água”, afirma Alexandre Baltar, superintendente da Fundação Norberto Odebrecht. Baltar dá o exemplo que devia ser seguido por muitos.