Falta mão de obra qualificada em Goiás

Wandell Seixas
A falta de mão de obra qualificada, reclamada por 81% das empresas brasileiras, atinge também Goiás, um Estado onde a agroindústria marca presença em diferentes municípios. Em Goiânia, o Sebrae, o Senar, o Senac e Senai oferecem a sua contribuição no processo de capacitar as pessoas para o mercado de trabalho. No ranking global o Brasil é o sétimo país no mundo que mais passa por essa situação, segundo pesquisa da organização ManpowerGroup.
O superintendente do Senar-Go, Dirceu Borges, diz que “em relação ao meio rural a contratação de pessoal existe vagas”, mas observa que “a demanda com bons salários existe”. Porém, há um gargalo: a dificuldade em encontrar mão de obra. Na atualidade, as máquinas e implementos agrícolas estão cada vez mais modernos e sofisticados. Dispõem inclusive de computador de bordo, GPS, que exigem determinadas instruções para operá-las.
Para minimizar o problema, o Senar, uma instituição ligada à Faeg (Federação da Agricultura do Estado de Goiás), aumenta o número de cursos e treinamentos. Dirceu Borges faz a observação de que é com “inovação, com tecnologia que se atualiza o portfólio. Hoje, são mais de 300 cursos que acontecem em todo o Estado. São mais de nove mil ações anuais capacitando esse profissional a ocupar esses lugares vagos no mercado”.
Luciano Bonfim, criador de guzerá, na Fazenda Paineiras, em Trindade, confirma que “está difícil encontrar pessoal qualificado em quantidade e qualidade”. Criador de nelore, Eurico Velasco demonstra igual sentimento, resumindo: “Está difícil”. Marcelo Penha, do IFAG, concorda “que falta gente com qualificação”. Pensamento idêntico é dos pecuaristas da Fazenda Nelore Água Viva.
O setor de panificação apresenta uma estrutura diversificada, com um grande número de microempreendedores individuais, 62,98%, mas com forte participação das microempresas e empresas de pequeno porte no faturamento total. Essa composição contribui significativamente para a economia brasileira, gerando 1,08 milhão de empregos diretos e 1,93 milhão de empregos indiretos em 2024. O segmento, no entanto, enfrenta o desafio da falta de mão de obra qualificada.
Roberto James, mestre em psicologia e especialista em comportamento de consumo em criação de estratégias de venda, também se preocupa com a questão. E questiona: “a grande dúvida de empresários e varejistas hoje é: onde encontrar mão de obra qualificada ou menos, disposta a trabalhar? Desde 2024, venho pesquisando a crescente dificuldade de contratação e a redução da oferta de trabalhadores.” Ele aponta certa culpa para programas especiais como Bolsa Família e outros auxílios governamentais.
James conclui que “a busca pelo trabalho autônomo cresceu entre jovens de 18 a 35 anos, faixa etária mais desejada pelas empresas. A facilidade de entrada, flexibilidade e sensação de independência são atrativos fortes. Um motorista de aplicativo relatou que, sem metas ou disciplina rígida, consegue faturar até R$200,00 brutos por dia, enquanto sua diária na CLT não passava de R$45,00. Outro motorista mencionou que não poderia voltar ao emprego formal, pois assumiu financiamentos e precisa manter sua renda variável”.