Guerra comercial dos EUA e tensões no Mar Negro impulsionam volatilidade nos mercados de milho e trigo
Análise da Hedgepoint Global Markets aponta para preocupações no preço do milho e a China reduzindo seu apetite e compra
A preocupação do mercado em relação à persistência da inflação nos EUA e as atenções com a política fiscal do Brasil criaram um ambiente macroeconômico global complexo para os mercados de milho e trigo. Adicionalmente a isso, os conflitos geopolíticos, especialmente no Mar Negro, continuam a impactar as cadeias de abastecimento e a impulsionar a volatilidade dos preços das commodities, de acordo Luiz Fernando Roque, coordenador de Inteligência de Mercado, da Hedgepoint Global Markets, especializada em gestão de risco, inteligência de mercado e hedge para commodities agrícolas e de energia.
Milho: EUA, Brasil e Argentina em foco
As análises da companhia destacam tendências no mercado de milho nos principais países produtores. Nos EUA, a atenção se volta para a nova safra (2025/26), com a tendência de aumento significativo da área plantada.
No Brasil, a área da segunda safra apresenta leve crescimento, com expectativa de recuperação da produtividade média. A competição entre Brasil, EUA e Argentina deve se intensificar no mercado de exportação. Na Argentina, a recente melhora no clima deve evitar novos cortes na produção, mas as vendas dos agricultores ocorrem em ritmo mais lento.
Movimentações no mercado americano e no Mar Negro
A imposição de tarifas comerciais pelos Estados Unidos sobre diversos países, incluindo China, Canadá, México e nações da União Europeia, gerou retaliações significativas, especialmente no setor agrícola. Produtos como milho, trigo, soja, sorgo, algodão e carnes enfrentam tarifas entre 10% e 25%, impactando o comércio global. No entanto, a reabertura de negociações comerciais sinaliza um possível alívio nas tensões, trazendo maior previsibilidade para os mercados de commodities.
Paralelamente, as negociações entre os Estados Unidos, Rússia e Ucrânia indicam um possível avanço na busca por uma solução para a guerra no Mar Negro. O governo norte-americano busca mediar um acordo que, em troca de apoio à Ucrânia, envolveria concessões territoriais em áreas ricas em minerais estratégicos, como grafite e lítio. Apesar da resistência de Volodymyr Zelensky a tais condições, as tratativas continuam, e uma trégua marítima na região pode estar próxima, representando um primeiro passo para a estabilização do conflito.
Etanol e Milho no Brasil
De acordo com a empresa, outra tendência no Brasil é o crescimento do consumo de milho como matéria-prima para a indústria de biocombustíveis, o que pode trazer implicações significativas para o mercado desta cultura no país.
Trigo: Atenções se voltam para Rússia e Ucrânia
O mercado de trigo continua a ser fortemente influenciado pelo conflito entre as nações, que reduziu a safra de milho e trigo da Ucrânia, com prováveis impactos nas exportações.
Neste contexto, os fundos reduziram posições compradas em milho, enquanto mantêm apostas baixistas no trigo. A possível trégua no Mar Negro e o aumento da área plantada nos EUA sugerem pressão baixista, mas a guerra comercial e a demanda por etanol no Brasil podem sustentar preços.
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