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O agro brasileiro é o negócio da China

Uma das atuais missões do agronegócio brasileiro é a diversificação dos mercados externos, porque o aumento da produção do campo está dado e contabilizado. Mas este é um trabalho desafiador, intenso e que demanda estratégias de política e diplomacia internacionais.

 As projeções para o agro do Brasil na próxima década mostram que os grãos devem saltar de um volume de 298,4 milhões de toneladas na safra 2023/24, em 79,8 milhões de hectares de terras, para 378,9 milhões de toneladas em 92,2 milhões de hectares cultivados na safra 2033/34, segundo aponta o Ministério da Agricultura e Pecuária, tomando por base os últimos 30 anos, iniciados em 1994. A produção total de carnes, atualmente estimada em 30,8 milhões de toneladas, deve totalizar no final da próxima década 37,6 milhões de toneladas entre frango, bovina e suína.

Para essas compras, a China tem sido um cliente de primeira ordem. O país tornou-se o maior parceiro comercial do agro brasileiro em 2013, quando ultrapassou os Estados Unidos como principal destino, moldando estratégias e políticas agrícolas.

No ano passado, a China comprou 92,3 milhões de toneladas de produtos agropecuários do Brasil, por US$ 49,7 bilhões, o equivalente a 30,2% do total. Houve um recuo de 17,5% em relação a 2023, mas não por vontade dos brasileiros em vender.

Nesta segunda-feira (12) e terça (13), o governo brasileiro realizou uma missão comercial à China, a convite do Presidente Xi Jinping. Acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma comitiva de cerca de 200 empresários, dos quais 150 são ligados ao agronegócio. No total, entre os dois países, 700 empresários discutem a possibilidade de negócios.

As tensões comerciais entre Estados Unidos e China têm beneficiado o agronegócio brasileiro. Com a imposição de tarifas sobre produtos norte-americanos, a China aumentou suas importações do Brasil, especialmente de soja, carnes e milho. Esse cenário tem impulsionado as exportações e reforçado a posição do país como fornecedor estratégico para o mercado chinês.

Investimentos em Infraestrutura e Logística

A parceria sino-brasileira também se estende à infraestrutura. China e Brasil têm discutido intensamente investimentos em projetos logísticos, como ferrovias e portos, visando melhorar o escoamento da produção agrícola brasileira. Um exemplo é o porto de Chancay, no Peru. Mas os investimentos neste setor já são relevantes. Nos últimos 14 anos, a China investiu cerca de US$ 66 bilhões no Brasil em setores estratégicos como energia, infraestrutura, agronegócio e tecnologia, segundo o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC). Visando o setor do agro, entre 2019 e 2024, a China investiu cerca de US$ 25 bilhões em infraestrutura no país, para modernizar a logística e reduzir gargalos no escoamento da produção.

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