Pesquisa desenvolve indicadores ambientais para produção agroecológica em Goiás
O estudo foi desenvolvido com a participação de agricultores familiares. Ao fundo, na foto, membros do projeto da Emater Goiás e Embrapa
O método permite verificar a dinâmica, as alterações e o equilíbrio do sistema produtivo de bases familiares e agroecológicas. Foram definidos dez indicadores ambientais para afetar a qualidade do solo e outros dez para medir a sanidade dos cultivos. Os indicadores ambientais afetam as práticas de manejo e de convivência do agricultor com os recursos locais. A aplicação do método em propriedades familiares e agroecológicas de Goiás gerou recomendações para uma maior sustentabilidade da produção.O trabalho resulta da parceria entre a Embrapa e a Emater Goiás, com a participação de agricultores ligados à Associação dos Produtores Agroecológicos de Anápolis e Região (Aproar). |
Pesquisadores da Embrapa e da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária ( Emater Goiás ) desenvolveram um método para medir os impactos da atividade de propriedades familiares sobre o meio ambiente. O trabalho de indicadores propõe verificar a dinâmica, as mudanças e o equilíbrio do sistema produtivo de base agroecológica, com o objetivo de gerar melhores resultados para a agricultura e a ecossistema.
O trabalho foi conduzido em parceria com agricultores familiares ligados à Associação dos Produtores Agroecológicos de Anápolis e Região (Aproar), localizada no município de Anápolis (GO). Todos os participantes exercem atividades seguindo preços agroecológicos, uma produção ligada à conservação e à regeneração da diversidade de espécies de plantas, insetos e animais e recursos naturais (água e solo).
O trabalho tem como base dez indicadores ambientais adversos para afetar a qualidade do solo e outros dez para medir a sanidade dos cultivos. Esses indicadores consistem em atributos, características passíveis de observação, que consideram toda a extensão de cada uma das unidades rurais e não apenas a atividade produtiva.
Para cada indicador, houve uma avaliação com notas em uma escala de zero a dez. Por exemplo, em relação à qualidade do solo, foram aplicadas notas para medir sua compactação, sua atividade microbiológica, a presença de erosão e de organismos invertebrados (insetos, aranhas, minhocas etc). No caso da sanidade dos cultivos, os quesitos incluídos envolveram o cultivo natural circundante aos cultivos, a abundância e a diversidade de inimigos naturais de influência, a incidência de doenças, dentre outros.
De acordo com um dos coordenadores do trabalho, o pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão (GO) Agostinho Didonet , os indicadores ambientais foram estabelecidos considerando as práticas de manejo e de convivência do agricultor com os recursos locais, tendo em vista sempre os princípios agroecológicos já incorporados pelas propriedades rurais. Ainda segundo Didonet, foi determinada uma proposição de indicadores que expressam e quantificam a sustentabilidade ambiental, por meio de metodologia participativa que uniu o conhecimento técnico aos agricultores, a partir da nivelação de conceitos e de modo a medir as práticas de manejo que mais influenciam na qualidade dos cultivos.
“Foram realizadas capacitações e discutidas formas de documentar e avaliar a sustentabilidade e suas variações. Levamos em conta a premissa de que fatores envolvidos diretamente nos indicadores deveriam ser de fácil compreensão, constatação e visualização pelo agricultor. Ao mesmo tempo, nos preocupamos com que os princípios técnicos sejam respeitados, considerados e reforçados. O objetivo foi auxiliar o reconhecimento pelos agricultores dos tipos de manejo que mais influenciam na qualidade dos seus cultivos e na identificação das práticas agroecológicas mais adequadas às condições do agroecossistema, que possam trazer melhorias na sustentabilidade ambiental e na produção”, conta o pesquisador.
Resultados e recomendações para maior sustentabilidade dos cultivos
De acordo com Agostinho Didonet, a aplicação de indicadores e a avaliação das práticas de manejo que seguem os preceitos agroecológicos permitiram a constatação de aspectos importantes para a produção e o meio ambiente. “A validação dos indicadores evidencia a necessidade de inserir adubos verdes para melhorar a matéria orgânica do solo nos sistemas produtivos juntamente com os cultivos utilizados pelos agricultores”, aponta o pesquisador. “Por outro lado, foi possível captar pontos positivos relacionados à sustentabilidade e à integração com o agroecossistema local, como, por exemplo, o manejo das áreas com diversidade de cultivos, a cobertura e proteção do solo, o manejo da supervisão e o controle de insetos (pragas e inimigos naturais) e de fitopatógenos”. Ainda conforme Didonet, os resultados do estudo devem ser comparados com avaliações de outros momentos, verificando a dinâmica e as possíveis alterações.
O pesquisador pondera que os indicadores utilizados permitem destacar e avaliar a sustentabilidade ambiental na maioria das unidades produtivas. Ele ressalta que atividades de treinamento, capacitação e divulgação de tecnologias úteis e exigidas também são importantes para o sucesso desse tipo de trabalho.
Rodrigo Peixoto (MTb/GO 1.077)
Embrapa Arroz e Feijão