Produtores detalham exemplos positivos de gestão aplicados em propriedades gaúchas
Dirigentes de fazenda em Rio Grande e de produção agrícola e de sementes em Condor mostram novas práticas de administração
A 35ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas , ocorreu ontem ,18 de fevereiro, na Estação Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão (RS). Com uma programação diversificada, que aborda desde desafios da cadeia produtiva e inovações tecnológicas até oportunidades de mercado, entre outros temas, um dos assuntos destacados neste primeiro dia foi o “Painel de Gestão – Casos de Produtores”.
A moderação foi do presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho. O dirigente enfatizou a quantidade e qualidade de informações que irão circular nos três dias de Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas. “Será uma oportunidade única para troca de experiências com quase 200 municípios participando, mais de 15 estados brasileiros e mais de dez países. E deveremos suplantar este ano as 15 mil pessoas que visitaram a edição de 2024”, projetou. Também se manifestaram representantes parceiros do evento como o superintendente do Senar no Rio Grande do Sul, Eduardo Condorelli, o presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, o chefe-geral da Embrapa Clima Temperado, Waldyr Stumpf Júnior.
Na sua palestra, o engenheiro agrônomo e gestor da Estância Boa Vista, de Rio Grande (RS), Eduardo Darley Prates, começou descrevendo a propriedade. “São 600 hectares de área de arroz irrigado e 405 hectares de área de soja, e mais 487 hectares que ficaram para a pecuária este ano, porque devido às enchentes de maio do ano passado a área que seria para plantação de arroz não baixou o nível e acabou ficando para a pecuária”, recordou. A propriedade trabalha no chamado “sistema de ping-pong”, ou seja, 1 ano soja e outro ano arroz, com aproximadamente 550 hectares para cada cultura. Prates detalhou todo o sistema de gestão, sobretudo de pessoas e de qualificação, bem como técnicas aplicadas na propriedade nos últimos 15 anos e o correto manejo do solo para permitir o rodízio entre as culturas de arroz e soja, além de pastagem para pecuária.
A segunda palestra foi da diretora executiva da Sementes Costa Beber, de Condor (RS), Ana Lúcia Beber. A executiva recordou que a empresa familiar começou com produção agrícola, mas que, a partir de 2001, desmembrou a atuação também para multiplicação de sementes. “Uma das ações que foram muito importantes para nossa escolha sobre gestão foi fazer a separação dos dois negócios, o que ocorreu a partir de 2018 com dois CNPJs diferentes”, recordou. Ana explicou que houve a necessidade dessa separação até para entender o que cada negócio poderia entregar em termos de resultados ou eventuais atenções especiais que cada atividade poderia necessitar.
Na sequência, Ana discorreu sobre as ferramentas específicas que precisaram ser adotadas na gestão de cada um dos dois negócios. A atividade agrícola produz soja, milho, trigo, aveia branca e aptidão em algumas áreas para pecuária em oito municípios. Já a produção de sementes é distribuída para seis estados e o Paraguai. Tanto no negócio agrícola como na produção de sementes, Ana destacou conceitos modernos aplicados como gestão de pessoas, treinamento, qualificação e valorização dos colaboradores que já atuam nas empresas.
Agricultura 4.0, inovação e tecnologia impulsionam o futuro do Campo no Rio Grande do Sul
Atração da Abertura Oficial da Colheita de Arroz e Grãos em Terras Baixas, Arena Digital destaca avanços como automação, biotecnologia e sustentabilidade
A tecnologia e a inovação são fundamentais para o desenvolvimento da agricultura gaúcha. Entre outros fatores, elas podem impulsionar a produtividade com, por exemplo, o uso de tratores autônomos e drones, que permitem um cultivo mais eficiente; promovem a sustentabilidade ao adotar técnicas de biotecnologia no desenvolvimento de sementes mais resistentes a pragas e ao clima; reduzem a necessidade de defensivos químicos; enquanto tecnologias de monitoramento e irrigação inteligente ajudam os agricultores a se anteciparem aos efeitos de mudanças climáticas que impactam a produção. E é para divulgar essas possibilidades de aperfeiçoamento para o setor agrícola que a Abertura Oficial da Colheita de Arroz e Grãos em Terras Baixas – que está sendo realizada em Capão do Leão (RS) – promove a segunda edição da Arena Digital.
A abertura oficial das atividades, que ocorreu na tarde desta terça-feira, 18 de fevereiro, contou com representantes de entidades do setor agrícola e de esferas governamentais de âmbito estadual e federal. As autoridades saudaram a retomada da iniciativa, que se propõe a ser um hub de compartilhamento de informações por meio de painéis e palestras sobre temas como meio ambiente, sustentabilidade, tributação e finanças, proporcionando debates enriquecedores para o setor. “É um ambiente que reúne startups, onde se trabalha práticas de cocriação, de conectividade, um ecossistema de inovação. As informações estão aí, muitas vezes dispersas, e o público não sabe, não tem um alcance. Se temos a informação e não conseguimos disponibilizá-la para que chegue onde deveria chegar, ela perde o sentido”, valorizou o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa, Leonardo Dutra.
O chefe de Gabinete, Inteligência e Novos Mercados da Secretaria de Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul, Joel Maraschin, lembrou que foi o emprego de novas tecnologias que permitiram ao setor agropecuário responder por 40% do PIB do Estado. Ele acredita que iniciativas como a Arena Digital são fundamentais para novos saltos de crescimento, produtividade e competitividade no campo.
Andréia Dullius, diretora do Departamento de Ambientes de Inovação da Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do Estado, por sua vez, destacou que a palavra “inovação”, muitas vezes evoca nos produtores rurais uma ideia de complexidade que nem sempre é verdadeira. “Na verdade, inovar é simplesmente tentar ajudar as pessoas com conhecimentos que, às vezes, estão muito próximos delas, com ferramentas, formas mais simples. O que importa é realmente chegar a um resultado positivo para elas no campo, conseguir mostrar esse desenvolvimento econômico acontecendo na ponta de uma cadeia que é extremamente complexa”, comentou.
O diretor jurídico da Federarroz, Anderson Belloli, destacou que inovar é fazer as coisas de uma forma diferente do que vinha sido feito, e acrescentou que só os produtores rurais com capacidade de encarar as mudanças necessárias poderão sobreviver em um mercado cada vez mais competitivo e exigente. “Nossa vida mudou muito mais nos últimos 70 anos do que nos últimos 2000. Se o produtor não se atentar, não vai seguir o caminho da agricultura 4.0. Vai quebrar”, disse “Eu vou precisar de mais comida nos próximos 70 anos do que nos últimos 8 mil, porque aumentou a renda, porque aumentou a população e as pessoas estão vivendo mais. A nossa vida mudou e a agricultura tem que acompanhar”.
A 35ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas segue até a próxima quinta-feira, dia 20, na Estação Experimental da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão (RS). O evento é uma realização da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) com correalização da Embrapa e Senar e patrocínio Premium do Instituto Riograndense do Arroz (Irga). A Arena Digital tem o patrocínio de ATM/Affectum, Canoa Mirim, TIM, BRDE e Irga e apoio da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação e da Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia. Para conferir a programação completa acesse o site colheitadoarroz.com.br.