TECNOSHOW 2025: Carência de infraestrutura é debatida na solenidade de abertura hoje
Wandell Seixas
Se para o grande público, àquele que percorre os estandes para ver os animais e outras atrações na Tecnoshow Comigo 2025 em Rio Verde, para os agropecuaristas a preocupação é outra: o transporte de seus produtos. Entre os quais o gado e os gêneros alimentícios. Em resumo: a infraestrutura, composta em sua quase totalidade por rodovias. As ferrovias e as hidrovias estão carentes não é de hoje. No século passado, os Estados Unidos transportavam de uma região para outra suas mercadorias em unidades ferroviárias e hidroviárias, através do Mississipi ou Missouri.
O presidente da Comigo, uma das maiores cooperativas do Brasil, Antonio Chavaglia, levantou a questão. O governador Ronaldo Caiado, também um pecuarista, sensível às considerações do líder classista, prometeu impulsionar os investimentos em infraestrutura, especialmente em rodovias. Recentemente, o governo enviou à Assembleia Legislativa um projeto de lei que visa agilizar esses investimentos.
“Nós conversamos com os produtores, e o que eles mais nos pedem são rodovias. Precisamos espalhar para outras regiões de Goiás o modelo de agronegócio praticado aqui em Rio Verde”, afirmou Caiado durante a abertura da Tecnoshow hoje, feira agropecuária promovida pela cooperativa, sediada no município.
“Infelizmente, estamos vivendo uma situação muito particular, com o governo federal sem recursos para investir no agronegócio. Por isso temos várias parcerias com o governador Caiado e com a prefeitura de Rio Verde”, observou Chavaglia.
“Falta infraestrutura para desenvolver áreas com potencial para crescer. Precisamos de espírito público de desenvolvimento do Estado e do País”, disse José Mário Schreiner, presidente do Sistema Faeg/Senar e vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em discurso durante o evento, realizado no recinto de exposições.
Complexo de obras
Durante a abertura, governo estadual e a Comigo assinaram protocolo de intenções, no valor de R$ 158 milhões, para a execução de um complexo de obras de estrutura viária no município de Rio Verde. Os recursos são oriundos do Fundeinfra.
Com o projeto de lei, o governo goiano projeta 18 obras rodoviárias contratadas pelo novo modelo, que basicamente retira a necessidade de licitação e de controle dos órgãos de fiscalização. Serão 739 quilômetros de rodovias com investimentos estimados em quase R$ 1,5 bilhão.
O governo federal fala em mais de R$ 677 milhões em investimentos na infraestrutura de transportes terrestres em Goiás em 2024, um aumento de 58% ante 2023.
No final de 2024, o governo federal promoveu um leilão para concessão de trechos de importantes rodovias, inclusive passando por Rio Verde. A expectativa é que o Consórcio Rota Verde Goiás invista R$ 7 bilhões nos 30 anos de vigência da concessão.
Caiado reforçou o potencial goiano – terceiro maior produtor de grãos do país – de plantar uma terceira safra agrícola, com irrigação: “investimos em inovação e em tecnologia, para que as melhorias cheguem a cada município do Estado”.
Para Schreiner, a Tecnoshow traz para o setor a oportunidade de discutir problemas, mas também soluções, destacando a importância do evento para a divulgação de tecnologia avançada para o agro: “a cooperativa é indutora de desenvolvimento da região”.
Antonio Chavaglia, presidente do Conselho de Administração da Comigo, destacou os 50 anos da cooperativa e a importância da feira para o Centro-Oeste, com 695 expositores e expectativa de público de 150 mil pessoas – números 10% superiores aos da edição de 2024.
Geração de negócios
“Tudo isso tem por objetivo a geração de negócios. Que os produtores possam corresponder, fazendo cada um a sua análise, de gestão e aquisição de implementos”, comentou.
Márcio Lopes de Freitas, presidente da OCB, lembrou a força econômica do segmento, com faturamento de mais de R$ 700 bilhões em 2024. “O cooperativismo é capaz de mitigar os efeitos de crise. Onde tem cooperativa forte, tem IDH superior e mais do que desenvolvimento econômico, tem prosperidade”, afirmou.
Ele salientou que a meta da OCB, até 2027, é ampliar o faturamento do setor cooperativista para R$ 1 trilhão, alcançando 30 milhões de cooperados.
A mostra tem algumas inovações, como o paisagismo, com a apresentação de flores e 90 mil mudas. Os modelos de máquinas e outros equipamentos agrícolas são de última geração. Nas baias dos animais, inclusive equinos de preços acima de R$80 mil, os pôneis atraem as crianças. Enfim, mil novidades.
A Tecnoshow espera receber 150 mil visitantes até a próxima sexta-feira, que terão acesso aos produtos e serviços de 695 expositores. A expectativa é superar os R$ 10 bilhões em negócios neste ano. No ano passado, o volume ficou pouco abaixo de R$ 9,5 bilhões.