Tendência

População quilombola predomina na área urbana

Wandell Seixas

O Centro Demográfico 2022 traz revelações inéditas e surpreendentes sobre a população quilombola em Goiás. A sociedade em geral pouco sabe da origem desses remanescentes de origem africana. A história explica que os quilombos são negros escravizados que fugiram dos maus tratos e refugiaram nas matas. Com o decorrer do tempo, muitos aglomeraram em determinados locais, formando tribos.

Em Goiás, havia 30,4 mil pessoas quilombolas, aponta o Censo, sendo 16,8% residentes em territórios quilombolas e fora 83,2%. Em relação à situação dos domicílios, nota-se preponderância da população quilombola residindo em área urbana, com 73,0%, contra 27,0% em área rural.

Em relação aos municípios goianos, Cavalcante possuía 5.470 pessoas quilombolas em 2022, sendo 55,3% residindo em área urbana. Flores de Goiás, 2,5 mil; Niquelândia, 1,9 mil; e Minaçu, 1,7 mil aparecem em seguida no ranking com as maiores populações quilombolas do Estado. Desses, o percentual de quilombolas residindo em área urbana foi de 86,8%, 76,5% e 95,9%, respectivamente.

Monte Alegre era o quinto município com a maior população quilombola do Estado (1,5 mil pessoas). No município, apenas 20,5% da população quilombola residia em área urbana.

No tocante à idade mediana, percebe-se que a população quilombola do Estado é de 32 anos na área urbana e de 33 anos na rural. Ou seja, há certa homogeneidade entre a população quilombola que residia na área urbana em 2022 e a população quilombola residente no campo.

É interessante observar que os quilombolas em situação rural apresentam em seu conjunto uma pirâmide etária mais jovem. Um formato triangular a partir da faixa de 15 anos. E em que as faixas de idade mais jovens têm peso relativo inferior às faixas seguintes, denotando uma queda de fecundidade nos últimos 15 anos.

 Importa observar que a população quilombola do sexo feminino em situação urbana apresenta um peso relativo superior quando comparada com o mesmo grupo em situação rural, nas faixas de idade entre 20 e 79 anos de idade. Entre os homens quilombolas não se observa essa diferença tão acentuada, sendo o peso relativo maior de homens quilombolas em situação urbana quando comparada com a rural concentrada nas faixas de idade entre 25 e 54 anos.

Taxa de analfabetismo

Em relação à taxa de analfabetismo da população de 15 anos ou mais de idade, nota-se que no Estado, a taxa é maior entre a população quilombola (14,0%) em relação à população geral (5,5%). Além disso, percebe-se também que a taxa de analfabetismo é mais crescente quando desagrega essa população quilombola na área rural (22,8%, ou seja, quatro vezes maior que a taxa média em Goiás, que foi de 5,5%), em comparação com a mesma população na área urbana (10,8%).

Entre os municípios goianos com mais de 500 habitantes quilombolas com 15 anos ou mais de idade, o Censo identificou que a maior taxa de analfabetismo da população quilombola foi de Monte Alegre de Goiás (21,1%), sendo mais intensa na área rural (24,1%) do que na área urbana (10,0%). Em Cavalcante, município com maior população quilombola do estado, a taxa de analfabetismo dessa população foi de 18,9%, chegando a 28,1% na área rural.

Outro tema investigado pela pesquisa foi acerca do abastecimento de água e existência de canalização no domicílio. No Estado, 98,2% dos moradores tinham a rede geral de distribuição, poço, fonte, nascente ou mina encanada até dentro do domicílio. Na área rural, o percentual cai para 91,6%. Entre os moradores quilombolas, o percentual é ainda menor, 87,3%, chegando a 57,4% na zona rural. Dentro dos territórios quilombolas esse percentual é inferior à metade (43,4%), chegando a 29,6% no campo.

Botão Voltar ao topo